Marta escolhe momento mais marcante da carreira e deixa futuro em aberto: “vivendo o momento”
A Rainha relembra conquistas por clube e seleção, comenta possível disputa da Copa do Mundo no Brasil e evita fazer planos

Marta, 39 anos, não quer fazer planos. Ao invés disso, a atacante do Brasil quer aproveitar cada jogo, cada minuto, cada lance que puder disputar em campo – mesmo com toda a expectativa para que a craque possa representar a seleção na Copa do Mundo Feminina de 2027, que será disputada em seu país.
“Essa pergunta é muito difícil. Porque eu já disse em outras entrevistas que eu não penso em jogar a Copa do Mundo. Está perto, mas não está. Como eu falei, eu estou vivendo o momento agora”, disse ela em entrevista exclusiva à CONMEBOL Copa América Femenina™.
A Rainha do Futebol, inclusive, não esconde seu carinho pela competição sul-americana que já conquistou três vezes pelo Brasil. E sabe do peso que tem para as futuras gerações, com quem também estará em campo no Equador.
Confira a segunda parte da entrevista com Marta:
- Sabemos que você não quer projetar, mas você tem alguma ideia de como vai ser a sua participação de alguma forma na Copa do Mundo 2027, no Brasil? Deve ser uma grande emoção você representar o seu time da forma que for em casa. Você tem alguma ideia do que te espera?
- Não, essa pergunta é muito difícil. Porque eu já disse em outras entrevistas que eu não penso em jogar a Copa do Mundo. Está perto, mas não está. Como eu falei, eu estou vivendo o momento agora. O professor (Arthur Elias, treinador do Brasil) sempre fala que ele vai sempre trazer as atletas que estão bem no momento. Então eu estou na seleção hoje porque eu estou bem no momento.
Não me cobre estar bem amanhã ou depois de amanhã, ou em 2027 para uma Copa do Mundo. Até porque eu não sei o que pode acontecer. Hoje eu estou aqui e amanhã eu posso acordar e falar assim, ó, deu pra mim. Vou me dedicar, vou ter meu filho, vou ter minha família, que é um sonho que eu tenho ainda.
- Você tem vontade de voltar a jogar em um clube no Brasil?
- Eu já tive muito. E acho que hoje em dia a situação no Brasil está muito melhor. Mas eu não sei se eu vou ter tempo para isso. Eu não sei, então é uma coisa que eu vou deixar em aberto. Como eu te falei, eu estou jogando agora, eu tenho mais um ano de contrato lá em Orlando, Mas vá que eu não sinta mais essa mesma energia que eu tenho agora de acordar cedo, às seis horas da manhã todos os dias, para estar no treino, para estar no clube, oito horas. Então, tipo assim, exige muito de você.
A minha vida inteira foi me dedicar ao futebol. Então chega um momento que a gente tem que desacelerar um pouquinho. E pensar mais em outras prioridades.
- Quando você pensa na sua trajetória, seja pelos clubes, seja pela seleção, qual é o momento que mais te marcou quando você estava em campo?
- Nossa, eu tenho alguns momentos especiais assim. Em clubes, eu acho que foi quando a minha mãe foi assistir um jogo lá em Santos. Eu acredito que foi uma Copa Libertadores, alguma coisa assim, foi a primeira vez que ela me viu jogar no Brasil. Mas eu tenho outro momento especial também, nos Jogos Panamericanos de 2007 aqui no Rio (de Janeiro), onde a gente conseguiu ganhar a medalha de ouro e tinha 70 mil pessoas no estádio. Numa época em que a visibilidade do futebol feminino estava começando a andar para frente, não estava tão forte como a gente tem hoje. Então, foi um momento muito especial para mim.
Em 2008, em seguida, que foi uma época muito boa para a seleção feminina, a gente ganhou o Pan, depois fomos para uma primeira final de Copa do Mundo, a gente subiu novamente no pódio de uma Olimpíadas. Então foram momentos fantásticos e você vê os torcedores chineses gritando seu nome, então, para mim foi um momento muito especial.
Jogos do Brasil na CONMEBOL Copa América Femenina™
- Brasil x Venezuela – 13 de julho às 19h locais, Estádio Gonzalo Pozo Ripalda
- Bolívia x Brasil – 16 de julho às 16h locais, Estádio Gonzalo Pozo Ripalda
- Paraguai x Brasil – 22 de julho às 19h locais, Estádio Gonzalo Pozo Ripalda
- Brasil x Colômbia – 25 de julho às 19h locais, Estádio IDV
- Você se tornou um ícone não só pelo seu talento com a bola, mas também pela sua defesa do futebol feminino. Como é que você se deu conta que você é essa voz em defesa do futebol feminino?
- Eu tenho essa consciência já há muito tempo, mas eu sou muito de não me apegar muito a isso, porque eu vejo tantos exemplos aí de pessoas que acabam esquecendo de fazer o que tem que fazer, de jogar, se dedicar, dar o seu melhor dentro de campo, porque está todo mundo falando de você, que você é isso, que você é aquilo. Ah, então se eu sou isso tudo, eu não preciso fazer mais nada, né? E eu não gosto muito de me apegar a isso, mas eu sei da minha responsabilidade e sei que muito do que a gente conquistou durante esses anos todos.
A gente, de uma certa forma, acabou abrindo portas para muitas outras atletas que ainda estão jogando. E as outras que não estão mais jogando, mas que conseguiram, de alguma forma, viver do que foi plantado lá trás.
- A Marta ainda se surpreende com o que a Marta é capaz de fazer?
- Eu me surpreendo comigo mesma em alguns momentos ,quando acontecem umas situações dentro de campo que você acaba não pensando muito naquele momento. Aí depois você chega em casa, vai analisar o jogo e fala, caraca, como é que eu fiz isso? Mas é algo natural, não é uma coisa forçada. E isso que é bacana.