Copa America Femenina 2025

Marta: “Tenho muito carinho pela CONMEBOL Copa América Femenina™”

Atacante do Brasil, três vezes campeã sul-americana, vê competição mais acirrada pelo título do futebol feminino em 2025.

7 de julho de 2025
CONMEBOL Copa América™
  • Brasileira já conquistou o torneio três vezes: 2003, 2010 e 2018.
  • Lendária atacante é a jogadora mais experiente da seleção de Arthur Elias.

“O futebol é um esporte muito democrático, não importa quem você é”. É assim que a brasileira Marta vê o esporte que lhe proporcionou tanto, mesmo que essa caminhada tenha sido repleta de desafios.


Aos 39 anos, a atacante natural de Dois Riachos, no interior de Alagoas, reflete sobre sua trajetória e sua contribuição para o futebol feminino – bem como suas lembranças na disputa da CONMEBOL Copa América Femenina™, torneio que irá disputar mais uma vez pela seleção brasileira em 2025.


Desde muito cedo, ela precisou entender que só havia uma maneira de vencer no esporte: mostrando a todos do que era capaz com a bola a seus pés.


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-Essa consciência a Marta menina, lá em Dois Riachos, que jogava com os meninos e lidava com o preconceito, já existia? Como era lidar com isso tão jovem?


-Eu sempre tive que encarar essa rejeição de frente. Eu soube que sabia jogar futebol desde os 7,8 anos de idade, e já vivia essa rejeição desde o começo. Eu tinha que lutar para ser aceita pelos meninos, para que a sociedade visse aquilo (uma menina jogadora) como algo normal, e para mostrar para as outras meninas que tinham interesse em jogar, mas tinham receio dos comentários machistas. Tive que encarar isso muito cedo, e aquilo me dava raiva. Mas essa raiva eu transformava em motivação, para dentro de campo, para partir pra cima e ainda conseguir ficar de pé, pois eu era mais forte que tudo aquilo. Eu tinha que ir pra cima dos meninos, driblar, fazer gol, mostrar que eu sei jogar, porque não tinha outra opção. Então eu tive que entender muito cedo esta questão, e de ser forte.



-Em 2003, você disputou sua primeira CONMEBOL Copa América Femenina™, já como titular pela seleção brasileira. Como você pensa na sua trajetória de 2003 pra cá?


-Nossa, é bastante tempo (risos). Na verdade, foi o começo de tudo, né? É uma competição que sempre foi muito importante pra gente, principalmente pra mim, tinha apenas 17 anos e estava a recém começando na seleção brasileira. Obviamente, eu já havia disputado um Mundial com a seleção sub-19, mas aquela era minha primeira competição pela equipe principal, então as expectativas eram as melhores. Havia um ambiente bem diferente do que a gente vive hoje. Em termos de competitividade, se hoje o Brasil era considerado favorito, naquela época era mais ainda. O futebol feminino ainda não era tão desenvolvido na América do Sul, mas o Brasil já estava alguns passinhos à frente em relação a isso. Então o favoritismo era muito grande, e a gente só confirmou isso durante a competição. Mas de qualquer forma eu tentei viver ao máximo esta competição, tenho muito carinho pela CONMEBOL Copa América Femenina™.




Partidas do Brasil na CONMEBOL Copa América Femenina™


  • Brasil x Venezuela, 13 de julho às 19h, Estádio Gonzalo Pozo Ripalda
  • Bolívia x Brasil, 16 de julho às 16h, Estádio Gonzalo Pozo Ripalda
  • Paraguai x Brasil, 22 de julho às 19h, Estádio Gonzalo Pozo Ripalda
  • Brasil x Colômbia, 25 de julho às 19h, Estádio Independiente del Valle


-Nessa CONMEBOL Copa América 2025™, você vai estar em campo com muitas meninas que vêm se destacando no futebol feminino. Como é pra você estar em campo com essa nova geração, ao mesmo tempo em que é um ícone para essas jogadoras?


-Eu fico muito motivada, primeiramente. Jogar com elas é um privilégio, depois de tantos anos me dedicando ao futebol e ainda pode estar usufruindo dessa geração como atleta. Em segundo lugar, é um desafio constante, obviamente as novinhas correm muito em campo e me fazem correr também. É como se elas me puxassem junto, tenho que estar concentrada, sabendo que, não importa a idade, você tem que mostrar serviço, uma coisa que é muito diferente do futebol masculino, na minha opinião. Aqui ninguém corre pela Marta, todas correm por todas. Acho isso muito legal porque me impõe esse desafio, que é mental e também físico. Hoje em dia o futebol feminino está muito rápido, tem muita transição, muito esforço físico, e você não pode deixar o tempo passar.



-Você jogou no Equador em 2010, e volta agora para a disputar uma nova CONMEBOL Copa América Femenina™ quinze anos depois. Como era aquela Marta em comparação a esta dos dias de hoje?


-Em 2010... acho que eu havia a recém ganho pela quinta vez o prêmio de Melhor Jogadora do Mundo. Mas a gana era a mesma, eu tinha uma responsabilidade, pensava “você foi escolhida como a melhor do mundo, todos vão aos jogos para te assistir, você precisa manter um alto nível”. Hoje eu volto com essa mesma vontade, de mostrar que, mesmo com a minha idade, ainda posso jogar em alto nível, posso fazer as coisas de maneira positiva. E é por isso que consigo estar na seleção, com atletas desse nível. A vontade de fazer mais ainda, é muito grande, a fome de vencer é sempre a mesma. No dia em que eu parar de sentir isso, de ter essa emoção, o nervosismo antes dos jogos, provavelmente será a hora de eu sair de campo.



-Essa pode ser talvez a última CONMEBOL Copa América™ que você estará como jogadora. Como é se preparar para a despedida de um torneio que fez parte da sua história, e se é possível pensar na Marta em uma futura edição.


-Ai, Jesus (risos). É difícil, ultimamente eu tenho parado de tentar adivinhar o que vai acontecer no futuro e viver realmente o momento, o presente. Se for minha última Copa América, é ainda mais importante que eu mantenha o foco, no trabalho, aproveitar cada treinamento, cada momento com as atletas, com a comissão técnica. Agora, como vou estar na próxima edição, aí já não sei, mas prefiro focar no agora, aproveitar ao máximo possível essa competição, espero que levantando mais um título. Voltar para casa de cabeça erguida, sabendo que fiz meu melhor e manter a tradição, o Brasil é o maior vencedor da competição, mas precisamos manter o foco.


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