Um torneio jogado com o coração

27-03-2019

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Quando o físico falha, o coração dá aos jogadores a força para continuar lutando. Uma história moderna e antiga que mostra o quão apaixonante é a CONMEBOL Copa América.

Francisco Silva não sabe para onde direcionar seu olhar. Para cima, para o goleiro rival, para a bola … Mesmo assim, ele parece focado e confiante. Evidentemente cansado após 120 minutos de jogo.

O gol, daria o título da CONMEBOL Copa América para sua equipe, Chile, e o bicampeonato no torneio.

Ele ajeita a bola na marca do pênalti, dá oito passos para trás e respira fundo, no meio-campo, seus companheiros se abraçam com expectativa. Os rivais também. Para dar mais suspense à  situação, o árbitro brasileiro Héber Lopes pede para que Claudio Bravo vá para o outro lado do gol. O trote lento do goleiro atrasa a cobrança. Mas é permitido e os chilenos não  reprovam. O que fazer se ele acaba de defender a quarta cobranca do exausto Lucas Biglia?

Na frente, o argentino Sergio ‘Chiquito’ Romero esperava para defender esse

pênalti, assim como ele fez com Arturo Vidal na primeira rodada do torneio no MetLife Stadium, em Nova Jersey.

Finalmente Bravo chega ao outro setor da área, e Lopes autoriza a cobranca. Uma última olhada no gol para confirmar para onde ele iria mandar a bola. Cobra cruzado à sua esquerda, Romero voa para o lado oposto. A bola entra e o Chile é bicampeão da América.

Uma definição de título que foi disputada desde o primeiro tempo com 20 homens após a expulsão de Marcelo Díaz e Marcos Rojo, mas única e irrepetível, como cada uma das competições.

Desde a sua criação, a Conmebol Copa América é jogada com o coração. Quando as pernas e o físico falham, esse órgão importante do corpo indica que se deve continuar. Não há espaço para prestar atenção à mente e dar tudo de si não é só uma opção, já que cada jogador tem a responsabilidade de representar todo seu o país.

Uma final de 150 minutos

Em 1919, o 2 a 2 entre Brasil e Uruguai deixou empatado o Campeonato Sul-Americano de Futebol. Precisamente, a Seleção Canarinho e a Celeste definiriam o título em uma nova partida.

A crônica do jogo escrita pelo historiador brasileiro Thommaz Mazzoni conta que todo o Brasil estava paralisado. O governo decretou a suspensão de todas as atividades. Os bancos e o comércio fecharam suas instalações. O país inteiro ia conseguir ver o jogo.

Após o tempo regulamentar e um placar de 0 a 0, o jogo foi para prorrogação:

Dois tempos de 30 minutos. Algo impensável no futebol de hoje em dia, mas algo que aconteceu no início da Copa América.

Exaustos e sem energia, brasileiros e uruguaios enfrentaram o tempo extra com bravura e coração. Mal começou a segunda prorrogação, quando Arthur Friedenreich consegue aproveitar o desfalque do goleiro Cayetano Saporiti, suficiente para dar o sofrido título ao Brasil, que fez vibrar não só as 26.000 pessoas presentes no Estádio das Laranjeiras, mas o país inteiro.

Nos últimos 28 minutos de jogo, ambas as equipes deram seus 100% no campo, mas no final foi o Brasil quem ergueu o título, faz exatamente há 100 anos.

A CONMEBOL Copa América é um torneio que é jogado com o coração. Todo o continente vibrará, mas apenas um país ficará com o título. Você está pronto para viver o mais antigo torneio de seleções do mundo?

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