- Treinador de 56 anos é ex-jogador e dentista atuante na Islândia.
- Ele conduziu a seleção de seu país à primeira participação em uma Copa do Mundo da FIFA na história.
A Jamaica chega para a CONMEBOL Copa América Estados Unidos 2024™ sem ser mais considerada uma seleção novata nesta competição, já que vai para sua terceira participação desde 2015. Mas ainda é cercada de um aspecto de novidade na figura de seu treinador, o islandês Heimir Hallgrímsson, quarto europeu a assumir a equipe na era pós-independência do país.
No comando dos Reggae Boyz desde setembro de 2022, Halgrímsson tem uma experiência considerável como treinador apesar da pouca idade – 56 anos – comparado a alguns de seus colegas de profissão. Antes mesmo de completar 30 anos, o então defensor aceitou treinar o time feminino do Höttur, levando a equipe à promoção para a primeira divisão nacional enquanto ainda vestia o uniforme para representar o clube no masculino.
A experiência durou apenas o ano de 1993, já que ele voltaria à sua cidade natal, Vestmannaeyjar, para uma segunda passagem pelo ÍBV, um tradicional clube da Islândia. Depois, ele ainda jogou por Smástund e o clube que resultou de sua fusão com outra instituição, o KFS, enquanto exercia sua profissão de dentista para a comunidade local. Sua vida deu uma guinada em 1999, quando ele foi convidado a treinar o time feminino do ÍBV, o que o fez até 2001.
Entre o consultório, os pacientes, o vestiário e os atletas, Hallgrímsson treinou o ÍBV masculino de forma interina (em 2002), voltou a trabalhar com a equipe feminina (2003 e 2004) e, por fim, foi novamente convidado a treinar o time masculino em 2006, já ao final de sua carreira como jogador. Comandou o ÍBV até 2011, levando o time à elite do futebol nacional e mantendo o clube no primeiro pelotão da Islândia e conseguindo, ainda, duas classificações em sequência para a UEFA Europa League.
A seleção islandesa, que já contava com jogadores em ligas importantes pelo mundo, chamou o treinador do ÍBV para o papel de assistente do sueco Lars Lagerbäck em 2011. Dois anos mais tarde, após a derrota na repescagem das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2014, Hallgrímsson assinou um novo contrato como co-treinador ao lado de Lagerbäck e, em 2016, ficou como o único comandante da equipe nórdica. A ideia deu certo, e a Islândia se classificou para a primeira Copa do Mundo da FIFA em sua história em 2018 e até conquistou um histórico 8º lugar na Euro de 2016.
O treinador deixou o comando da seleção ao final do Mundial da Rússia, e poucos meses depois partiu para comandar o Al-Arabi, do Qatar, o primeiro desafio longe de sua terra natal. A passagem durou até 2021 e, alguns meses depois, o islandês já estaria novamente em uma seleção, encarando a missão de levar uma boa geração de jogadores da Jamaica a um novo patamar. O sucesso tem se visto em campo, com o terceiro lugar conquistado na recente Concacaf Nations League, e um lugar garantido nesta CONMEBOL Copa América™.
À beira do gramado, Hallgrímsson busca levar um pouco da cultura da Islândia e uma filosofia baseada na força do coletivo como base para construir uma equipe vencedora. Mais do que isso, ele reforça a necessidade de se adaptar aos jogadores que tem, e que cada time entenda suas melhores qualidades.
“Se tentarmos fazer tudo como os franceses ou os ingleses (fazem), só conseguiríamos ser uma réplica mal feita de cada um deles. Então temos que encontrar áreas onde podemos ser mais fortes, tentar melhorar esses aspectos, e não se importar tanto com aquilo que não vamos conseguir dominar”, disse o islandês em falas reproduzidas pela revista Forbes.
Com um perfil único e uma trajetória curiosa no futebol, Heimir Hallgrímsson mostra por que a Jamaica pode sonhar em conquistar os primeiros pontos como participante do torneio de seleções mais antigo do futebol mundial.
